PRESENTE PARA FLORIANÓPOLIS

Mais uma colaboração oportuna de Matias Boll. E essa saiu publicada no jornal Diário Catarinense de domingo - 15/11. Palavras sábias abrindo a ferida do presente caos que hoje já constatamos em Florianópolis e que já pode estar perdendo o título de Ilha da Mágia.
Mas a gente vai se acostumando a conviver com isto, assim como os moradores do Rio de Janeiro, já desapecebidamente, não sentem mais os efeitos que a violência está lhes provocando.
E se não cuidar, como diria qualquer manézinho da ilha, "um dia ela vai afundar de tanta gente".

"Presente para Florianópolis
Matias Boll*

A Florianópolis dos dias atuais lembra um barco de refugiados. Superlotado de almas esperançosas em viver num lugar melhor, a vida no barco é um caos. Pior, o barco corre sério risco de afundar antes de chegar ao destino sonhado. Por que, então, continuamos a admitir pessoas a bordo? Não é possível que uma cidade que dispõe de alguns dos melhores profissionais e escolas de engenharia do continente não faça uso intensivo de princípios básicos de engenharia para seu planejamento e crescimento urbano. Alguns exemplos: adequação do gabarito dos bairros para a estrutura existente; adequação do número de habitantes dos bairros às avenidas e calçadas disponíveis; adequação do número de habitantes por bairro aos serviços de luz, água, etc; adequação do espaçamento entre edifícios de forma a que níveis mínimos de insolação, ventilação e circulação sejam respeitados; e instalação, nos bairros, de áreas de lazer mínimas por habitante, com quadras, parques, estacionamentos e outros equipamentos.

Ainda tem espaço, mas se não cuidar e se todo mundo quiser morar aqui, ai já era.

Do ponto de vista de sustentabilidade da cidade, uma nova torre de 12 andares tem um custo enorme às futuras gerações, demandando obras, vias maiores, serviços de segurança e outros. É óbvio, pela situação presente, que essas condições jamais serão oferecidas. Não há como controlar o número de carros que a população compra.

Antigamente era só na sexta que dava engarrafamento. Hoje em dia só domingo escapa.

Mas o gabarito deve ser administrado e limitado pelo poder público com base em critérios técnicos. Não há mais tempo para discussão e teorizações. A água está batendo nas canelas e o navio balança. O prefeito, a Câmara e o Ministério Público podem dar a Florianópolis o maior presente de Natal que esta cidade já teve: a perspectiva de um futuro para nós e nossos filhos.


* Engenheiro agrônomo"


Por Eduardo Rosa

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