NA ÉPOCA DAS MELHORES ONDAS, AS TAINHAS
AVANÇAM PELO LITORAL SUL E TEM GENTE AINDA QUE NÃO ENTENDE TUDO ISSO!!
È
certo que a maioria dos praticantes de esportes náuticos, pelo litoral
catarinense, entende que este período compreendido entre o dia 15 de maio a 15
de julho, é um período destinado a pesca artesanal da tainha, não por causa de
uma Portaria ou lei instituída pelo Governo Federal ou Municipal, mas pela
consciência de que todos têm pelo direito a usufruir do mar que banha nossa
costa. E imagino que para a maioria dos surfistas se faz entender assim também.
O
que é contraditório - e inconstitucionalmente falando - é se proibir o acesso de
qualquer pessoa a um bem público, garantido constitucionalmente pela Legislação
Federal. Entre as afirmações mais discutidas, está a máxima de que as tainhas
se assustam com a presença de surfistas e assim, não se aproximam da praia para
que se façam os arrastos das malhas de peixes. Não existe estudo nenhum que
comprove esta afirmação. Mas, pode-se imaginar, que uma grande quantidade de
surfistas reunidos em determinado ponto da praia, talvez mantenha afastada
algumas dessas malhas do alcance dos barcos e das redes.
Nos
últimos anos, alguns pescadores tem se armado com barcos maiores, e feito
cercos de cardumes em pontos um pouco mais afastados da praia, não precisando
assim esperar que as malhas encostem mais próximos da beira. Além, de toda a
polêmica criada nesta época, as constantes acusações advindas de ambos os
lados, tornam o ambiente litorâneo ainda mais amistoso entre surfistas e
pescadores. Há anos, surfistas tentam acabar com esta lei, que antigamente, era
uma Portaria da Capitania dos Portos - e que talvez ainda seja. E, atualmente,
os pescadores tentam fazer valer esta polêmica "lei" através das
Prefeituras.
A proibição de utilização de um bem público também é crime. |
Comentários
e mais comentários povoam, principalmente, as redes sociais, com opiniões,
acusações e até petições públicas. Entre tantos comentários, há alguns
sugestionando que a FECASURF - Federação Catarinense de Surf - poderia
participar mais efetivamente dessa discussão.
Dentro
de toda esta discussão, há idéias postas em prática há muitos anos, que
poderiam servir "provisória ou definitivamente", ou, ainda, enquanto
algum órgão governamental ou político não "descobre" que a
"lei" da Época da Tainha vai contra a Legislação Federal.
Na mesa e bem preparada ela faz a diferença. Na praia é motivo de discussão e incoerência. |
Na
contramão da história de várias cidades catarinenses com ondas e pesca
tradicional, a Prefeitura Municipal de Imbituba, abraçou uma idéia que já vem
sendo mantida e controlada por surfistas e pescadores há mais de 15 anos e que desde
sua implantação reduziu a praticamente zero, problemas entre eles. A idéia não
é simples, mas se ambas as partes estiverem de acordo e houver um diálogo
permanente entre elas, esta briga antiga pode ser contornada.
Uma
bandeira fixada na praia determina se o surfe está ou não liberado. Bandeira
branca: presença de malhas de tainhas e surfe proibido; bandeira azul: Surfe
liberado. Esta sinalização só poderá ser efetivada com a palavra dos
representantes ou líderes dos pescadores, que através de sua experiência sabem
se podem ser feitos lanços de tainha, ou não, no passar dos dias. Por isso que
o diálogo permanente é importante para manter está ferramenta informativa
sempre ativa.
Em Imbituba tanto pescadores quanto surfista convivem em harmonia. |
Outro
ponto que pode ser analisado, e que em Imbituba é uma prática comum, são as
condições marítimas para entrada dos barcos de pesca para fazer o arrastão. Em
dias em que as ondas ultrapassam determinado tamanho - possivelmente acima de 6
pés (mais que 1 metro) -, e dependendo também da forma geográfica da praia,
fazem com que os barcos não possam atravessar as ondas para fazer o lançamento
das redes de arrastão, tornando assim uma prática perigosa para os pescadores.
Em Imbituba, enquanto tem onda, tem surfe e os adeptos deste esporte surfam na
maior parte dos dias desta temporada, pois é considerada a melhor época de
ondas em todo o litoral.
Em
Florianópolis, as praias Mole e Joaquina continuam liberadas para a prática de
esportes náuticos. Mas, em recentes informações divulgadas pela imprensa local,
há um galpão de barco sendo construído no meio da praia Mole e até agora
nenhuma posição foi dada sobre esta determinada construção. Também foram feitos
pedidos por diversos apresentadores em programas de TV para que os surfistas
respeitem e não entrem no mar neste período.
Garopaba também adotou o sistema de bandeiras, mas ainda está em fase de implantação. |
O
que pouco é falado ainda é que lá no encontro da Lagoa dos Patos (RS) com o
mar, de onde vêm todos os cardumes de tainhas para o litoral catarinense,
várias embarcações de grande e médio porte, equipadas com radares e sonares, podem
rastrear e capturar gigantescos cardumes de tainha e outros peixes bem antes
destes chegarem ao nosso litoral.
Ano após ano as safras de tainhas diminuem. Da pesca industrial indiscriminada na saída da Lagoa dos Patos (RS) pouco se fala. |
Pode-se
entender então, que a diminuição nas safras de tainha capturadas ano após ano,
tem uma justificativa plausível. E como não há comprovação técnica de que surfistas
podem espantar os cardumes que chegam a nossas praias e que a pesca da tainha aumenta,
consideravelmente, a renda dos pescadores tradicionais nesta época do ano,
imagino que todos irão preferir ter um instrumento democrático de sinalização
para orientar e contribuir para que as duas atividades possam se desenvolver
normalmente nesta época do ano, sem truculências de ambas as partes.
Por Eduardo Rosa
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http://waves.terra.com.br/surf/fotos//a-paz-e-possivel-na-terra-de-oz/42046