A TEMPORADA
DA TAINHA ESTÁ NA RETA FINAL, MAS A IGUARIA, QUE É BOM, NADA!! NADA PARA ALTO
MAR E O SURFE PODE - POR ‘TABELA’ - ESTAR PAGANDO A 'CONTA'
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Os grande lanços de tainhas já virou coisa do passado, ou até uma lenda no litoral catarinense. Foto: Divulgação. |
Mas um ano que se vai e, diferentemente
de outras temporadas, esta já é considerada a pior desde quando acontece esta
tradição do cerco da tainha pelo litoral catarinense. O desanimo está estampado
no rosto da grande maioria dos que ainda mantém esta tradição e que neste
momento apelam até para São Pedro, santo dos pescadores.
A quantidade média pescada
no litoral catarinense até 2011 eram de 2,5 toneladas. Neste ano, em torno
apenas de 600 toneladas foram retiradas do mar. À apenas 15 dias para o final
desta temporada, a quantidade é muito pequena, segundo os pescadores. O que
está sendo considerado o pior ano nesta prática. O maior lanço de tainhas foi realizado
numa praia do leste da ilha de Florianópolis, em torno de cinco toneladas, ou,
aproximadamente 700 tainhas.
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Os barcos de pesca artesanal pouco saíram para o mar nesta temporada. Foto: Divulgação. |
Os pescadores
profissionais, junto a Sintrapesca – Sindicato das Empresas de Pesca de SC -,
já pensam em cobrar junto ao Ministério Público, a antecipação do início da
temporada para dia 1° de maio a partir do próximo ano. Atualmente, temporada
vai de 15 de maio a 15 de julho. O mesmo Ministério Público já vem desde 2009
diminuindo a quantidade de embarcações autorizadas. Eram 109 em 2009. Hoje são menos
60 embarcações. O que deveria se refletir num aumento da quantidade pescada por
embarcação.
Os próprios pescadores vêm
divergindo sobre os motivos desta grande diminuição através dos anos. Uns ressaltam
o aumento elevado da temperatura do mar na região como principal motivo, já que
a tainha sobe o litoral quando as águas lá na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do
Sul, começam a esfriar nesta época do ano, para realizar a desova. Segundo eles
e os pesquisadores, as águas no litoral catarinense estão mais quentes que o
normal, fazendo com que os peixes fiquem a cerca de oito quilômetros da costa,
longe do alcance dos pescadores nativos. Parece uma teoria meio complicada de
se entender.
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Traineiras estão proibidas pela Portaria do Ministério Publico de cercarem as tainhas nesta época do ano. Mas continuam sendo apreendidas pela Polícia Federal em litoral Gaúcho. Foto: PF/DIV/CP. |
É tão notável isso, que
neste ano de 2012, antes do início da temporada em território catarinense, os
mercados públicos e outras peixarias de Santa Catarina, foram invadidos pela já
apelidada “tainha gaucha”, a preços bem mais convidativos. Reflexo natural da “grande
safra” pescada no litoral gaúcho, antes mesmo do início da temporada aqui em Santa
Catarina.
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Mais uma apreensão de uma traineira realizada pela PF. Foto: PF/DIV/CP. |
O preço deste desencontro
de informações vem sendo pago, ao longo dos anos, pelos surfistas e praticantes
de esportes náuticos que habitam o litoral catarinense, considerado de forte
potencial para esta prática, principalmente nesta época do ano. Em algumas
praias catarinenses continua a arbitrária proibição total de sua prática, que
segundo os pescadores, espantam os cardumes para longe das praias, impedindo o
cerco natural.
Este desencontro vem sendo
amenizado em algumas localidades pela inserção de sistemas de bandeiras e placas
informativas adotadas para evitar desinformação e confrontos entre surfistas e
pescadores, comuns em anos passados. E mesmo assim, em alguns picos de surfe, isto
não vem sendo suficiente para amenizar a situação, já que os pescadores não
liberam a prática, mesmo com ondas acima do tamanho permitido para a entrada de
barcos de pesca.
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Enquanto isso, os praticantes de esportes náuticos vão pagando a conta. |
O que não dá para negar é
que o verdadeiro e maior culpado pela reduzida safra neste e em outros anos,
pode não ser quem habita no litoral catarinense e que usufrui do mar para o
lazer, esporte ou trabalho, um direito constitucional e legítimo.
Talvez, por fazerem parte
do mesmo sindicato, pescadores nativos e os de grandes embarcações que atuam em
alto mar, evitem tal confronto, para não se mostrarem desorganizados e não
perderem o poder junto ao Ministério Público e outros órgãos estaduais e
nacionais. Mas o que está aparente mesmo, é que o lado mais fraco desta ‘conta’
– os pescadores nativos, ou de praia - está perdendo feio esta briga interna. E
nós, amantes dos esportes náuticos, estamos - por tabela - ajudando a pagar
esta ‘conta’.
Por Eduardo Rosa
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Jonas Tatuira Fernandes
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