DESTRUIÇÃO E ADRENALINA: “A DESGRAÇA PARA UNS. A ALEGRIA DE
OUTROS”
Duas forças da natureza em nosso planeta atingiram as costas
leste e oeste dos Estados Unidos e Canadá em menos de uma semana. No dia 28 de
outubro um terremoto de magnitude 7,7 na escala Richter, atingiu a costa leste
camadense, na região de Sandspit, British Columbia.
O abalo sísmico foi sentido em toda a região, principalmente
nas ilhas Queen Charlotte, e esta vibração contou com a possibilidade de que um
tsunami ocorresse através do Oceano Pacífico. No meio do caminho deste fenômeno
estavam as ilhas havaianas. Um alerta foi emitido por todas as ilhas alertando
a população para que se dirigissem as partes mais altas a fim de proteger do
eminente desastre.
Por sorte, as ondas geradas pelo terremoto que chegaram até as
ilhas não passaram de dois metros de altura. A adrenalina era visível em tempo
real, pelos que estavam no local narrando os momentos pelas redes sociais. O
alerta e a proibição para entrar no mar para embarcações e surfistas
permaneceram até o dia seguinte em decorrência das fortes correntes que ainda
poderiam atravessar as ilhas.
Dois dias depois um furacão nível 1 – com ventos que
poderiam chegar a 153 Km/h -, que foi detectado dias antes próximo a Cuba, América
Central, e foi sendo monitorado pelas autoridades norte-americanas, deslocou-se
para o Oceano Atlântico. Com as águas aquecidas na região, o fenômeno que foi
denominado furacão Sandy, concentrou ainda mais força, tornado-se nível 2 – com
ventos de até 177 Km/h – tomando a direção da costa leste americana.
Em ambas as situações, ondas foram geradas atraindo a
atenção de uma centena de surfistas de plantão. Apesar da proibição feita pelas
autoridades americanas, muitos se arriscaram atrás da possibilidade de pegar ondas
geradas desde alto mar pelo Sandy. Até o tantas vezes campeão, Kelly Slater,
voltou ao seu estado de origem, a Flórida, para tentar a sorte.
Em alguns picos, ondas antes nunca imaginadas, quebravam
perfeitas e com força incomum para a região. Praias onde antes poucas vezes se
viram algumas ondas quebrarem funcionavam com a força de picos seis estrelas de
várias partes do mundo. Aquela velha e batida frase já dita até entre os
surfistas nunca foi tão apropriada: “A
desgraça de uns é a alegria de outros.”
South Beach, Punphouse, Treasure Cost, Boca Raton, Dierfield
Pier e Daytona Beach, na Flórida, Avalon
Pier, Cassino Pier, Wrightsville Beach e Ocean City nas regiões de Nova York e New
Jersey, e praias da Carolina do Norte e tantas outras pela América Central,
como a Costa Rica, receberam ondas que foram elogiadas por locais e visitantes
de luxo, como Slater, Cris Ward, Cory Lopes entre muitos outros. Alguns lugares
chegaram a reivindicar títulos de ondas famosas como Pipe e Teahupoo por quem
surfou ou fotografou aquelas quase infinitas e raras ondas.
A marca histórica que o Furacão Sandy proporcionou não foi
apenas de destruição e morte apresentado exaustivamente pelos telejornais do
mundo inteiro. Ficou para os surfistas a missão de extrair toda a beleza que
uma tragédia pode fornecer em tão curto espaço de tempo.
Neste momento, após o Sandy ter encostado em terras norte
americanas e se tornado um grande ciclone pós tropical, destruindo tudo o que
encontrava pela frente, agora ele
atravessa o Canadá. Lá há lendas e histórias de ondas que quebram pela força
dos ventos nos Grandes Lagos, numa região central entre os Estados Unidos e
Canadá. Agora é esperar para ver.
Por Eduardo Rosa
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