ASSOCIAÇÃO DE SURFE IMBITUBENSE QUER PROTEGER A PRAIA E AS ONDAS DA VILA
Há aproximadamente, 50 anos, as praias de
Imbituba eram desbravadas por surfistas aventureiros, que eram trazidos em seus
vemaguetes, DKW’s, Brasílias e Fuscas, entre outros. O que valia mesmo, era o
espírito on the road, para chegar a picos ainda desconhecidos por estradas
inacabadas ou, até inexistentes.
Nessa época, uma lenda correu alguns cantos do
Brasil, através de uns poucos desconhecidos surfistas que, eventualmente, foram
interagindo e mistificando uma onda impar e diferente de todas que já haviam
corrido, até então.
Deslumbravam-se com o ambiente que envolvia a
praia, com suas dunas, vegetação e liberdade ao extremo. Foram “abduzidos” por
uma magia incontrolável, que canalizava pelos olhos, poros e se acomodava na
corrente sanguínea até tudo virar água salgada. E nada era tão poético pra
definir algo tão real.
Acertar bons dias de ondas, não era tão
difícil. A praia da Vila, em Imbituba, no litoral sul de Santa Catarina,
mostrava toda sua fora e encanto, quando cada escasso visitante chegava até suas
areias, ainda nas décadas de 60 e 70. E assim, continuou sendo até hoje, apenas
com um número bem maior de visitantes.
Houve poucos campeonatos de surfe que não foram
brilhantes em termos de onda. Principalmente, eventos maiores. Era falar que
iria acontecer uma etapa do catarinense - seja amador ou profissional -, do
brasileiro ou algum campeonato local, para que altas ondas quebrassem, mesmo
fora da melhor época de ondas que é o inverno.
Foi assim, em pleno verão de 1994, quando
vagalhões de até três metros de altura, brindaram os melhores surfistas
profissionais do Brasil, durante o último dia do OP PRO Imbituba 94, em pleno
mês de fevereiro.
O visual na chegada mudou um pouco. Mas continua impressionando. Foto: Eduardo Rosa |
Ainda na década de 80, muita gente sentiu o
poder das ondas da praia da Vila, em eventos históricos, que enchiam de fotos
algumas principais revistas e pequenos jornais de surf que já existiam na
época, como a extinta revista Inside.
Inerente a tudo isso, a ASI – Associação de
Surfe Imbitubense -, uma das duas mais tradicionais do estado, acompanhou de
muito perto toda essa evolução, que com o passar dos anos se tornou perigosa,
mesmo em âmbitos turísticos e sociais.
A ampliação do Porto de Imbituba, entre as
praias da Vila e a praia do Porto, e a construção da, hoje, extinta ICC –
Industria Carboquímica Catarinense -, fez frear a intenção de se fazer qualquer
outra edificação dentro de área que abrange o canto norte da conhecida praia de
Imbituba.
O australiano Mick Fanning conheceu a praia da Vila quando o WCT foi transferido para Imbituba. Foto: ASP. |
Mas, nos últimos anos, dada a grande divulgação
que a praia tem recebido, foi criado certo desconforto em relação ao assédio e algumas
“intenções” pretendidas. E numa atitude louvável, a atual gestão da ASI - que
foi assumida no início deste ano -, lançou a candidatura da praia da Vila, para
integrar o seleto grupo chamados de Reserva Mundial de Surfe.
Esta denominação foi criada em 2009, quando um
grupo internacional formado por surfistas, cientistas e ambientalistas
amparados por entidades como Save The Waves Coalition e a NSR/Austrália –
National Surfing Reserves -, que inclui locais de surfe como Malibú, nos
Estados Unidos, Manly Beach, na Austrália, Ericeira, em Portugal, Huanchaco, no
Perú e a Baía de Todos os Santos, no México, que é a mais nova integrante neste
grupo.
Um dos maiores expoentes do surfe mundial, o paulista Gabriel Medina, deu show nas ótimas ondas da Praia da Vila e confirmou sua entrada no WCT. Foto: Jaime Mengue. |
1º Qualidade e consistência da zona de onda ou
de surfe;
2º Características ambientais únicas na área;
3º Surfe e cultura, oceano e história da
região;
4º Apoio da comunidade local.
Katz Sullyvan, ex presidente da ASI e profundo conhecedor dos maiores dias e muitos outros atrativos da Praia da Vila. Foto: Foto Arquivo pessoal. |
Segundo Gilnei Cardoso, da ASI, “É projeto da
atual diretoria da ASI, formatar um processo legal para
incluir o canto norte da praia da Vila em uma “Reserva Mundial do Surf”, assim
como alguns outros picos internacionais já reconhecidos. Dentre os principais
itens necessários, já estamos incluídos. Agora, faremos debates via web e
dependemos do apoio da sociedade.”
Ainda segundo Gilnei Cardoso, “Estamos muito preocupados com o destino do Canto da praia da Vila, temos que nos unir
neste assunto que é importantíssimo.”
Para saber mais e participar clique aqui.
Sobre a Save The Waves Coalition, clique aqui.
E para conhecer o World Surfing Reserves clique aqui.
Por Eduardo Rosa
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