PRAIA DA VILA, EM IMBITUBA, SE CANDIDATA A “RESERVA MUNDIAL DO SURF”

ASSOCIAÇÃO DE SURFE IMBITUBENSE QUER PROTEGER A PRAIA E AS ONDAS DA VILA

Praia da Vila, Imbituba. Foto: Jaime Mengue.

Há aproximadamente, 50 anos, as praias de Imbituba eram desbravadas por surfistas aventureiros, que eram trazidos em seus vemaguetes, DKW’s, Brasílias e Fuscas, entre outros. O que valia mesmo, era o espírito on the road, para chegar a picos ainda desconhecidos por estradas inacabadas ou, até inexistentes.

Nessa época, uma lenda correu alguns cantos do Brasil, através de uns poucos desconhecidos surfistas que, eventualmente, foram interagindo e mistificando uma onda impar e diferente de todas que já haviam corrido, até então.

Deslumbravam-se com o ambiente que envolvia a praia, com suas dunas, vegetação e liberdade ao extremo. Foram “abduzidos” por uma magia incontrolável, que canalizava pelos olhos, poros e se acomodava na corrente sanguínea até tudo virar água salgada. E nada era tão poético pra definir algo tão real.

Uma das fotos mais antológicas que conta boa parte da história do surfe em Imbituba. A fábrica da Vickstick, em 1978. Da esq. para dir. Toni Catão, Lurdinha, Bento Xavier, Richer, Victor Vasconcelos, Laura, Daniela, Ana e Roberto Perdigão. Arquivo pessoal  Roberto Perdigão.

Acertar bons dias de ondas, não era tão difícil. A praia da Vila, em Imbituba, no litoral sul de Santa Catarina, mostrava toda sua fora e encanto, quando cada escasso visitante chegava até suas areias, ainda nas décadas de 60 e 70. E assim, continuou sendo até hoje, apenas com um número bem maior de visitantes.

Houve poucos campeonatos de surfe que não foram brilhantes em termos de onda. Principalmente, eventos maiores. Era falar que iria acontecer uma etapa do catarinense - seja amador ou profissional -, do brasileiro ou algum campeonato local, para que altas ondas quebrassem, mesmo fora da melhor época de ondas que é o inverno.

Foi assim, em pleno verão de 1994, quando vagalhões de até três metros de altura, brindaram os melhores surfistas profissionais do Brasil, durante o último dia do OP PRO Imbituba 94, em pleno mês de fevereiro.


O visual na chegada mudou um pouco. Mas continua impressionando. Foto:  Eduardo Rosa

Ainda na década de 80, muita gente sentiu o poder das ondas da praia da Vila, em eventos históricos, que enchiam de fotos algumas principais revistas e pequenos jornais de surf que já existiam na época, como a extinta revista Inside.

Inerente a tudo isso, a ASI – Associação de Surfe Imbitubense -, uma das duas mais tradicionais do estado, acompanhou de muito perto toda essa evolução, que com o passar dos anos se tornou perigosa, mesmo em âmbitos turísticos e sociais.

A ampliação do Porto de Imbituba, entre as praias da Vila e a praia do Porto, e a construção da, hoje, extinta ICC – Industria Carboquímica Catarinense -, fez frear a intenção de se fazer qualquer outra edificação dentro de área que abrange o canto norte da conhecida praia de Imbituba.

O australiano Mick Fanning conheceu a praia da Vila quando o WCT foi  transferido para Imbituba.  Foto: ASP.

Mas, nos últimos anos, dada a grande divulgação que a praia tem recebido, foi criado certo desconforto em relação ao assédio e algumas “intenções” pretendidas. E numa atitude louvável, a atual gestão da ASI - que foi assumida no início deste ano -, lançou a candidatura da praia da Vila, para integrar o seleto grupo chamados de Reserva Mundial de Surfe.

Esta denominação foi criada em 2009, quando um grupo internacional formado por surfistas, cientistas e ambientalistas amparados por entidades como Save The Waves Coalition e a NSR/Austrália – National Surfing Reserves -, que inclui locais de surfe como Malibú, nos Estados Unidos, Manly Beach, na Austrália, Ericeira, em Portugal, Huanchaco, no Perú e a Baía de Todos os Santos, no México, que é a mais nova integrante neste grupo.

Um dos maiores expoentes do surfe mundial, o paulista Gabriel Medina, deu show nas ótimas ondas da Praia da Vila e confirmou sua entrada no WCT. Foto: Jaime Mengue. 
O primeiro passo, para esta candidatura, foi dado neste mês de abril, pela ASI. Uma consulta popular será feita nas próximas semanas, e alguns itens básicos para transformar a Praia da Vila em Reserva Mundial de Surfe, já foram indicados e classificados, que seriam eles:

1º Qualidade e consistência da zona de onda ou de surfe;
2º Características ambientais únicas na área;
3º Surfe e cultura, oceano e história da região;
4º Apoio da comunidade local.

Katz Sullyvan, ex presidente da ASI e profundo conhecedor dos maiores dias e muitos outros atrativos da  Praia da Vila.  Foto: Foto Arquivo pessoal. 

Segundo Gilnei Cardoso, da ASI, “É projeto da atual diretoria da ASI, formatar um processo legal para incluir o canto norte da praia da Vila em uma “Reserva Mundial do Surf”, assim como alguns outros picos internacionais já reconhecidos. Dentre os principais itens necessários, já estamos incluídos. Agora, faremos debates via web e dependemos do apoio da sociedade.”

Ainda segundo Gilnei Cardoso, “Estamos muito preocupados com o destino do Canto da praia da Vila, temos que nos unir neste assunto que é importantíssimo.

Para saber mais e participar clique aqui

Por Eduardo Rosa

Comentários

Unknown disse…
Muito bom, mas ao mesmo tempo parecem que fazem vista grossa ao que está acontecendo nasdunas da ribanceira, ali sim precisa de um movimento para preservar as dunas alguèm me explica porque niguèm faz nada? Ou o dinheiro que tá rolando molha a mao de tldo mundo?