COQUE, PÓ VERMELHO, ESGOTOS NAS PRAIAS... ENTIDADES E MORADORES SE UNEM CONTRA DESCASOS.
EM 3 POSTAGENS O SURFEMAIS VAI TRAZER ESTES PROBLEMAS A TONA, A PARTIR DE AGORA.
A cidade de Imbituba, localizada a 96 quilômetros da capital
catarinense, Florianópolis, sempre esteve dividida entre o turismo, bem como as
atividades portuárias e a indústria. Poucas cidades detém estas características
estando tão próxima ao mar. Atualmente concentra uma das maiores movimentações
de cargas portuárias do país - graneleira e derivados -, bem como vem
sazonalmente explodindo turisticamente como destino preferido de muitos. Pode
ser dito que, Imbituba têm no turismo de observação de baleias, bem como nos
esportes náuticos, sua principal formação turística atualmente.
E, atrelado a tudo isso, as medidas protetivas em relação ao meio
ambiente e até mesmo com a saúde da população, ainda parecem não acompanhar
este ritmo de crescimento, que ficou ainda mais evidenciado nos últimos anos
com o aumento da movimentação de cargas no porto. Processos e ações judiciais
têm sido criados de forma, tanto coletiva quanto individual, tentando, em um
primeiro momento, sensibilizar empresas e o Porto de Imbituba sobre os
problemas recorrentes.
Para boa parte dos que reclamam dos problemas gerados por esse
crescimento, a devida atenção ou manutenção dos fatos não tem sido realizada em
continuidade, e a impressão que muitos têm, é que não há interesse por parte
dos envolvidos em realmente resolver os problemas, mesmo antes de serem
evidenciados, bem como, antes ou depois de já terem sido aprovados ou estarem
ocorrendo.
SC Par Porto de Imbituba
Porto de Imbituba. Foto:SC Par. |
O porto de Imbituba sempre foi mais evidenciado como um porto
graneleiro entre os portos do país. Suas estruturas também foram ampliadas nos
últimos anos com investimentos federais, através do PAC - Programa de
Aceleração do Crescimento - e assim, pode aumentar sua movimentação, ampliar
número de empregos na cidade, bem como, se tornar um porto mais lucrativo.
Assumido em 2012 pela empresa pública estadual SCPar Porto de
Imbituba S.A., subsidiária do acionista único SC Participações e Parcerias,
ampliou significativamente suas operações, atraindo diversos tipos de cargas,
sendo considerado um porto 'Multipropósito', nos últimos anos vem batendo, seguidamente,
recordes de movimentações de cargas, principalmente, soja e milho.
Neste mês de setembro, uma nova linha de longo curso com navios
gigantes começou a operar no Porto de Imbituba. Serão realizadas escalas
semanais no porto transportando contêineres para atender aos maiores mercados
do mundo. Para muitos, foi a alternativa mais limpa que o porto de Imbituba
atraiu nos últimos anos.
Sujeira, poluição e doenças respiratórias: Atividade e questionamentos da comunidade
E entre os diversos modais graneleiros, como soja e milho, que são
movimentados através do porto de Imbituba, e, tendo em vista, seu mau
acondicionamento para transporte, causando derrame do produto em vias públicas,
segundo diversos moradores, trazendo mau cheiro e outros problemas ambientais,
o coque verde e o coque barrilha, tem recebido atenção especial pela empresa
pública, pois serve como combustível de queima para produção de outros
produtos, como cimento, por exemplo, entre outros. E desde quando essa
movimentação e armazenamento do produto começaram a ocorrer em Imbituba, alguns
moradores, bem como entidades e órgãos públicos, têm revelado sua preocupação e
descontentamento com a atividade.
Três entidades da cidade - a AMRB (Associação de Moradores da Rua
de Baixo), o Ican (Instituto de Conexão Ambiental) e ASI (Associação de Surf
Imbitubense) - moveram em 2011 uma ação
civil pública (ACP), de número 0002356 49 2011.8.24.0030, junto com o Ministério Público Estadual, sobre a forma de
acondicionamento e a precária condição de transporte realizada por algumas vias
da cidade, que ligam os armazéns ao porto, bem como um imenso depósito para
armazenar o subproduto do petróleo, junto ao canto da Praia da Vila, em Imbituba,
um dos maiores cartões postais e atrativos turísticos da cidade.
Em 2014, a cidade e o porto de São Francisco do Sul recusaram-se a receber este tipo de carga. conforme matéria veiculada no site clicrbs. "É um produto químico derivado do petróleo e é perigoso. Até onde sabemos, o município não tem armazéns propícios para este produto, além disso, não queremos colocar em risco a saúde dos trabalhadores portuários nem da população. A carga apresenta toxicidade e é cancerígena", alegou a secretária de Meio Ambiente da cidade há épcoa.
Recentemente, um novo derivado do pet coque tem sido movimentado em Imbituba. O 'coque calcinado', que segundo informações apuradas pelas entidades envolvidas, é severamente mais poluente e nocivo à saúde. Para tanto, já se cogita a possibilidade para a criação de uma nova Ação Civil Pública, para resolver este problema, ou mesmo, solicitando a paralisação das atividades portuárias até as medidas de contenção do produto sejam implementadas, bem como todas as situações resolvidas.
Pó preto na praia da Vila: Nordestão pode estar aumentando o problema
Denúncia feita pela Ouvidoria da Prefeitura, e material coletado na praia da Vila, em Imbituba, pela Unesc a pedido da SEMA - Secretária de Meio Ambiente. Foto: Arquivo SEMA. |
Os moradores, bem como freqüentadores da praia da Vila - entre
eles os surfistas -, reclamam, principalmente de um pó preto que vêm nos
últimos anos se acumulando em excesso pelas praias, ruas e casas no entorno da
região portuária. Muitos moradores que entraram com ações individuais, reclamam
que esse acumulo tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, fazendo com
que a limpeza das residências seja feito com mais freqüência do que o usual.
Conforme reclamações feitas por moradores, nesta época do ano - julho a
novembro - em que a incidência do forte vento nordeste aumenta
consideravelmente na região, os problemas destacados aumentam ainda mais.
Prontamente, e em caráter emergencial, o Secretário de Meio Ambiente, Paulo Márcio de Souza, chamou a Unesc - Universidade do Extremo Sul Catarinense -, para realizar o recolhimento de quatro amostras compostas, para análise da substância que teria aparecido nas areias no local. O resultado deve sair nesta quarta feira (20) e "a partir dai serão tomadas as devidas providências, caso necessário", segundo o secretário.
O coque, seu transporte e o que a comunidade almeja
Praia da Vila, em Imbituba, nesta última semana. Para alguns, sedimentos de rocha do fundo do mar. Para outros, o problema pode ser bem mais sério. Foto: Alexandre Hipólito |
Resumidamente, o coque, um produto derivado do petróleo, e é
envolto por uma fina camada granulada de pó em suspensão, que dentre alguns
diferentes estudos, é enunciado que esta material pode ser ou não carregado
através do ar pela ação do vento, dependendo de como é feito seu armazenamento
ou transporte do produto. E, segundo as entidades envolvidas na ACP, também há
estudos que relatam doenças, principalmente, respiratórias ou pulmonares, e que
registros desse fato na cidade podem ter aumentado consideravelmente na cidade
nos últimos anos.
Desde quando o transporte deste produto foi implementado na
cidade, pouca ou nenhuma preocupação houve por parte das empresas envolvidas na
cidade, bem como dos órgãos públicos, com o acondicionamento correto do mesmo
nos caminhões contratados para esse fim.
Em boa parte destes veículos,
contratados direta ou indiretamente por empresas, foram feitas modificações em
suas caçambas, com a colocação de madeiras que servem como laterais mais altas
das caçambas, visando o transporte em maior quantidade possível do material, o
que para muitos podem estar infringindo normas e regulamentações de controle
deste tipo de atividade, além de uma tela de proteção vazada que pouco parece
proteger o derrame do pó do produto.
A decisão de se manifestar em relação aos produtos que sujam e
poluem a cidade, feita pelas entidades e por moradores, não é uma decisão
parcial. Para muitos, se as empresas e o porto realizassem as adequações necessárias
para o manuseio destes e de outros produtos, e fosse exigido que todos
tratassem realmente o problema com seriedade, quem sabe nada disso estaria
ocorrendo hoje. Mas, para muitos, ser um porto eficiente, movimentado, bem
estruturado, e com altos lucros -como tem sido divulgado -, passa também pelo
respeito e o asseio junto à população.
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