PANAMERICANO DE LIMA, NO PERU, ENTRA PARA HISTÓRIA

Estreante no Pan-Americano, surfe conhece local de competição para Lima-2019. Equipe brasileira antecipa chegada a Punta Rocas


A última instalação esportiva para os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 foi entregue neste domingo (14). O Centro de Alto Rendimento de Surfe, localizado na praia de Punta Rocas, receberá as provas da modalidade, que fará este ano sua estreia no Pan.

O local também servirá após o Pan de Lima como local de preparação para os surfistas peruanos. Nos Jogos de Lima, o surfe fará sua estreia como modalidade válida para a disputa de medalhas. Um total de 88 atletas estarão em ação nas águas de Punta Rocas, a partir do dia 29, data marcada para as primeiras disputas. O fechamento está previsto para acontecer em 3 de agosto.

O Centro de Alto Rendimento terá capacidade para receber mais de 1.400 pessoas, segundo informa o comitê organizador de Lima-2019. Serão 700 ligares fixos e pelo menos 750 lugares temporários. Para os peruanos, a praia de Punta Rocas tem um significado especial. Foi lá que em 1965 o país conquistou seu título mundial de surfe, com Felipe Pomar.

A categoria Open inclusive classificará seus campeões (feminino e masculino) para a Olimpíada de Tóquio-2020, quando também fará sua estreia no programa olímpico. Além do Open Surf, serão disputadas as disciplinas Longboard Principal, Padle Surf Principal e Sup Race.

Parceria entre a CBSurf e o COB, atletas do Time Brasil de surf, longboard e SUP treinam em Punta Rocas de olho nas medalhas do Pan de Lima

Seleção Brasileira no Panamericano de Lima no Peru. Foto: CBS

Num esforço conjunto entre a Confederação Brasileira de Surf (CBSurf) e o Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Time Brasil que disputará os jogos Pan-Americanos de Lima está treinando em Punta Rocas, praia que receberá as disputas de surf, longboard e stand up paddle (SUP) race e wave. A preparação acontece menos de um mês antes do início do evento para que os atletas vivenciem condições – tanto climáticas quanto de ondas - bem semelhantes às que enfrentarão durante as disputas, em busca das inéditas medalhas.

A competição está marcada para começar no dia 28 de julho (dois dias depois da abertura oficial em Lima) e vale como a primeira eliminatória para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, na categoria surf, ganhando ainda mais importância no cenário internacional. Dos oito representantes brasileiros escalados para o Pan, seis estão em Punta Rocas, com a viagem de seis dias com recursos do COB por intermédio da CBSurf.

Seleção Brasileira embarca para o Peru e contará com força máxima

Karol Ribeiro. Foto: arquivo pessoal

Karol Ribeiro, do surf, Wenderson Biludo, do longboard (pranchões), Nicole Pacelli e Luiz Diniz, do SUP wave, e Lena Guimarães Ribeiro e Vinnicius Martins, do SUP Race, já estão reunidos e treinando num dos picos mais famosos da América do Sul, no Oceano Pacífico. Apenas Chloé Calmon e Robson Santos não participam da atividade, por já terem viagens internacionais assumidas anteriormente.

A competidora do longboard estava na Califórnia e seguiu para a Costa Rica, enquanto que o atleta do surf já estava no México. “O objetivo é que o nosso time esteja o mais preparado possível. Temos chances reais de medalhas e queremos oferecer condições para essas conquistas”, afirma o presidente da CBSurf, Adalvo Argolo.

Ele ressalta que a seleção brasileira é forte, conta com atletas com conquistas mundiais e todos com experiência em Punta Rocas, onde as vagas foram definidas no PASA Games, em dezembro. Os atletas são unânimes no benefício da preparação na sede das disputas, há poucos dias do início do evento. 

Campeã Mundial, Nicole Pacelli ressalta a importância da chega antecipada e estar feliz em representar o Brasil

Nicole Pacelli Foto Fabríciano Junior

É o caso de Nicole, campeã mundial, tanto pela International Surfing Association (ISA) quanto pela APP World Tour, em 2013. “Essa viagem está sendo muito importante para o meu desempenho no Pan. Punta Rocas é uma onda bem difícil de ler e de se posicionar. E a melhor forma de entender é estar dentro d’água”, afirma a atleta paulista, bronze no PASA.

Estamos conseguindo surfar tranquilos e sem crowd, o que será muito difícil perto do campeonato. Meu objetivo é conseguir uma medalha para o Brasil. Esse vai ser o maior evento da história do SUP até agora e fico honrada de poder representar nosso País. Fico feliz em fazer parte dessa história e de representar o Brasil em uma competição dessa importância”, diz.

Luiz Diniz: grandes chances de medalha de Ouro no Pan de Lima, declara estar vivendo um sonho

Também duas vezes campeão mundial, ambas pela ISA, na Dinamarca e na China, Luiz Diniz é outro forte candidato ao ouro e também fala da satisfação de poder treinar na onda do Pan. “Estou vivendo um sonho em participar dos Jogos Pan-Americanos. Desde quando consegui a minha vaga, já comecei a me empenhar e treinar forte para fazer uma ótima campanha e, quando a CBSurf e o COB nos comunicaram sobre a viagem para o treinamento no pico da competição, fiquei super feliz, pois trabalhamos com o oceano e é algo super complexo e difícil de entender e posso me adaptar com as condições”, comenta Bolinha, como também é conhecido o atleta do litoral paulista.

Lena Ribeiro (Sup Race) achou válido o período de treinos antecipados no local das disputas

Lena Ribeiro, que este ano garantiu dois ouros nos Jogos Sul-Americanos de Praia, na Argentina, resume bem a complexidade de competir em Punta Rocas na sua modalidade. “Já estive aqui dois anos competindo, mas ambas no verão, bem diferente, em temperatura, situações de ondas. Então acho muito válido a nossa vinda, com as condições bem mais parecidas que teremos no campeonato. Vamos nos ambientando com tudo, com o frio, as ondas”, garante.

É importante em termos técnicos para aprimorar, tático, porque no race é preciso procurar a melhor linda, posicionamento, saber usar as ondas para te ajudar e não atrapalhar, e psicologicamente, para ir se acostumando com um ambiente que é diferente. Você fica mais tranquilo de já ter caído nesse mar de inverno. Com certeza vai ajudar bastante”, avalia a atleta do litoral fluminense.

Vinnicius Martins e Biludo: "É muito legal ver o comprometimento da entidade com a performance dos atletas"

Vinnicus Martins. Foto: Arquivo pessoal

Vinni, que vem de uma forte temporada na Europa e foi bronze no Mundial de longa distância na China pela ISA, também evidencia que as condições do mar e o clima estão bem diferentes de dezembro quando garantiu a prata no PASA, e a preparação no local da prova serve também para testar até mesmo as roupas que serão usadas. “Está sendo importante por ser um pico muito diferente dos quais estamos acostumados a competir no SUP Race. É muito legal ver o comprometimento da entidade com a performance dos atletas, oferecendo apoio para esta viagem”, elogia o atleta que também é do litoral do Rio de Janeiro.

Da mesma região do País, Karol Ribeiro segue o coro dos companheiros de seleção e também cita o fator psicológico. “Acho muito importante essa preparação, por ser uma onda super difícil, que não temos no Brasil. Não tem parecida. Fiquei feliz com a iniciativa da CBS e do COB em mandar a gente para treinar se adaptar a essas condições. Muito bom para todos os atletas. Estamos treinando bastante. Já estamos aqui com gostinho de competição, ficamos mais confiantes e vai ser irado, um prazer representar o surf brasileiro, o surf feminino”, fala.

Biludo também enaltece a estrutura oferecida para uma possível medalha. “Quando recebi a notícia de que o COB e a CBSurf dariam essa viagem para a gente treinar uns dias antes do Pan, com todas as despesas pagas, fiquei muito feliz com o rumo que o nosso esporte está tomando”, destaca. “Sei que minha chance aumenta com esse treinamento, conhecendo melhor a onda, dando tempo de testar equipamentos que irão funcionar melhor aqui em Punta Rocas e isso, com certeza, ajudará a equipe a trazer mais medalhas. Toda essa experiência está sendo incrível”, completa o atleta paulista.

ISA no Japão

Junto aos Jogos Pan-Americanos de Lima, a CBSurf já vem alinhando outro evento muito importante na questão olímpica, o ISA World Championship Games, em setembro no Japão, no mesmo palco que serão realizadas as disputas de surf nos Jogos de Tóquio 2020. Italo Ferreira, Filipe Toledo, Gabriel Medina, Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima já estão escalados para o evento que é um dos requisitos para a elegibilidade dos atletas para a participação na Olimpíada.

Comentários

Anônimo disse…
Boa sorte pra equipe.